A trajetória do agronegócio em Mato Grosso demonstra como as cadeias produtivas do Estado têm desempenhado, de forma exemplar, condutas sustentáveis. Pelo menos é o que defende o presidente do Sistema Famato/Senar, Rui Prado, ao apresentar os números de crescimento do setor em comparação à diminuição de área utilizada para as atividades rurais durante sua participação no Seminário “Mato Grosso: Cadeias Sustentáveis”, realizado pelo jornal Valor Econômico na manhã desta terça-feira (9), em Cuiabá.
Ao lado de representantes do setor ambiental, do governo estadual e empresarial da exportação de grãos, Prado destacou os resultados que o Estado tem obtido a partir da adoção de práticas de sustentabilidade pelo agronegócio.
“Ainda há muito a ser feito, mas já acompanhamos um grande avanço na sustentabilidade em Mato Grosso quanto aos aspectos ambiental, social e econômico. Social, na medida em que as cidades novas apresentam um elevado IDH (Índice de Desenvolvimento Humano); econômico, quando observamos que o PIB de Mato Grosso vem crescendo a cada ano e que mais que 50% advêm do agronegócio, além de o Estado ser protagonista no superávit da balança comercial brasileira, e ambiental, quando vemos que, mesmo com todo esse aumento na produção, ainda mantemos o patamar de mais de 60% de áreas totalmente preservadas no Estado”, pontuou Prado, durante o painel “Como construir cadeias produtivas sustentáveis?”.
Alguns dados destacados pelo presidente foram o crescimento do abate de cabeças de gado em Mato Grosso, atividade em que o Estado é campeão nacional, de 3 milhões de toneladas para 6 milhões, em dez anos, a partir de 2003. No mesmo período, a área utilizada pela pecuária reduziu de 27 milhões de hectares para 25 milhões ha. “Os pecuaristas estão vivos, os consumidores, cada vez mais ávidos por carne, as cidades se desenvolvendo, ou seja, nós chegamos onde queríamos na cadeia da carne, temos sustentabilidade nesta cadeia produtiva”, atestou.
Com a agricultura, embora a área tenha aumentado cerca de 40% – de 5,5 milhões de hectares, em 2003, para 9 milhões ha, hoje, a produção de grãos mais do que duplicou em Mato Grosso: de 20 milhões de toneladas para cerca de 50 milhões t, neste ano.
Porém, o representante do produtor mato-grossense deixou claro que os desafios ainda são muitos para conciliar, com plenitude, a exploração sustentável dos recursos naturais com resultado econômico satisfatório. “Temos que saber utilizar os recursos naturais com parcimônia deixando-os para as futuras gerações, mantermo-nos economicamente competitivos e ainda conseguir distribuir essa riqueza que existe em Mato Grosso, onde ainda tem lugares muito ricos e muito pobres bem próximos uns dos outros”.
O presidente do Sistema defendeu um trabalho conjunto para atingir a sintonia fina da sustentabilidade. “Quando a gente olha na média, nossos números estão bons, somos um exemplo para o mundo. Mas, na sintonia fina, quando a gente vai de ponto a ponto, tem muito o que melhorar. Na hora em que a gente atuar nessa sintonia, na hora que a gente integrar a agricultura com a pecuária, o que já começou a ser feito, no momento em que incorporarmos novas cadeias que estão vindo, este Estado será o lugar certo, na hora certa. Precisamos fazer as coisas acontecerem”, finalizou.