A dificuldade com logística e os impostos são entraves que Mato Grosso precisa superar para alcançar bons resultados na área de biocombustíveis. A avaliação foi feita pelo CEO da Datagro Consultoria, Plínio Nastari, que apresentou o painel “O setor sucroenergético no Centro-Oeste: importância, situação atual e perspectivas”, durante o 1º Congresso de Bionenergia de Mato Grosso e o 3º Congresso do Setor Sucroenergético do Brasil Central, em Cuiabá.
“Mato Grosso é uma caixa de força. É o maior produtor de grãos do Brasil, mas ainda esbarra em limitações na logística e nos altos impostos. A indústria de biocombustíveis gera empregos de qualidade e reduz a poluição atmosférica. É preciso que as autoridades reconheçam essa importância e que os governos estaduais, em especial de Mato Grosso, considere a mudança da cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS)”, afirmou o painelista durante o Congresso que está sendo promovido pelo Sistema Famato/Senar-MT e Aprosoja e segue até a próxima quarta-feira (14).
Segundo ele, como grande produtor agroindustrial, Mato Grosso deve trabalhar com os resíduos orgânicos que são produzidos todos os anos. “O ideal seria que a produção agrícola não utilizasse combustíveis fósseis e para isso são necessários investimentos e políticas públicas viáveis e de qualidade. Temos um potencial enorme para ser explorado e precisamos valorizar o etanol porque ele é uma energia nobre. A experiência brasileira nesta área é mais valorizada em outros países do mundo do que aqui no país, onde conseguimos o feito de 42% dos combustíveis utilizados a partir do etanol”.
Nastari destacou ainda uma grande novidade do setor automotivo: a empresa japonesa Nissan acaba de lançar o primeiro veículo elétrico movido a combustível líquido e que será comercializado a partir de 2020.
“Isso é algo surpreendente porque o automóvel utiliza energia limpa, já que o hidrogênio é difícil, perigoso e oneroso e com essa tecnologia o carro recebe etanol e consegue transformá-lo em energia elétrica. A própria montadora afirmou que o Brasil resolveu o problema de infraestrutura de hidrogênio porque o país possui 35.200 postos de etanol já instalados”, informou ele.
Debatedor no painel, o presidente da Comissão de Cana-de-açúcar e Bioenergia da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG), Joaquim Sardinha Júnior, falou sobre o crescimento do setor no estado de Goiás e reforçou a importância de discussões como a promovida pelo Congresso.
Já o moderador do painel, o presidente do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindalcool-MT), Piero Parini, ressaltou a necessidade de estímulos fiscais para ampliar a produção em Mato Grosso e citou como exemplo a produção de cana-de-açúcar nos estados de Mato Grosso do Sul e Goiás.
“Em oito anos, Mato Grosso do Sul saiu de 8 milhões de toneladas para 45 milhões. Já o Estado de Goiás, no mesmo período, pulou de 12 para 55 milhões. Enquanto Mato Grosso se manteve praticamente nos 16 milhões atuais de produção. A carga tributária dos Estados vizinhos fez toda a diferença para a obtenção desses resultados”, reforça.
O presidente e CEO da Datagro concordou com Parini e enfatizou que é preciso a adoção de regras específicas para o setor. “Precisamos de regras claras para os biocombustíveis, mas que não engessem a produção”, finalizou.
PROGRAMAÇÃO:
16h00 |
Painel Opções de geração de energia elétrica em Mato Grosso: desafios e oportunidades |
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BIOGÁS: Alternativa Estratégica na Geração Distribuída de Energia a partir de Biomassa – Camila Daquino, Secretária Executiva da ABIOGÁS |
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Uso de biodigestores: agregação de valores econômicos e ambientais – Jorge de Lucas Júnior, professor doutor titular da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) |
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Energia Solar: como o Centro Sebrae de Sustentabilidade se tornou um Prédio Zero Energia – Raquel Moussalem Apolônio, Analista Técnica no Núcleo de Projetos Especiais em Sustentabilidade do Centro Sebrae de Sustentabilidade Debate |
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Moderador: Alexander Estermann, Diretor do Grupo Roncador |
14/9 – Quarta-feira
8h |
Painel Oportunidades de Negócios com Reflorestamento |
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Políticas para Reflorestamento (PSS) – Fausto Takizawa, Diretor de Relações Institucionais e Pesquisa da Floresteca e Secretário geral da Associação de Reflorestadores de Mato Grosso (Arefloresta) |
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Oportunidade da Geração Distribuída – Janderson Botelho da Fonseca, Consultor |
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Política Nacional de Florestas Plantadas – João Antonio Salomão, Coordenador Geral na Secretaria de Política Agricola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). |
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Debate |
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Moderador: Marcílio Caron, Diretor Executivo da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) e Presidente da Associação Sul Brasileira de Empresas Florestais (ASBR) |
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9h45 |
Coffee Break |
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10h |
Painel Etanol de Milho |
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O Cluster de Etanol de Milho em MT – Daniel Latorraca Ferreira, Superintendente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) |
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DDG de alta proteína e agregação de valor com coprodutos do etanol de milho – Rafael Abud, Diretor Executivo da FS Bioenergia |
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Tecnologias diferenciais da ICM e seus impactos na viabilidade de plantas de etanol de milho – Sidney Leal, Diretor da SL Process Soluções Industriais Ltda |
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Uso do DDG na Alimentação Animal – Lainer Leite, Diretor de Pesquisa da Nutripura |
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Debate |
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Moderador: Glauber Silveira, Vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) |
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12h |
Painel Políticas do Governo de Mato Grosso para a Bioenergia |
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Ricardo Tomczyk, Secretário da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) |
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Debatedores: Rui Prado, Presidente do Sistema Famato/Senar Endrigo Dalcin, Presidente da Aprosoja-MT Piero Parini, Presidente do Sindálcool-MT Glauber Silveira, Vice-presidente da Abramilho |
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Moderador: Normando Corral, Vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato)
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