Um grupo de seis representantes do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (Unops) esteve ontem (29/11) na Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) com o objetivo de conhecer o sistema de produção agropecuária do estado.
O diretor de Relação Institucionais da Famato, José Luiz Fidelis, fez uma apresentação institucional sobre a Famato, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), Sindicatos Rurais e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) que compõem o Sistema Famato.
O superintendente do Imea, Daniel Latorraca, mostrou dados que comprovam que Mato Grosso realmente é campeão na produção de soja, milho, algodão e rebanho bovino.
Segundo o Imea, o campo é responsável pelo desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Latorraca informou que 50,5% do PIB do estado vem do agronegócio.
Mato Grosso, conhecido como o celeiro do país pelo agronegócio consolidado, tem sido visto por investidores de outros países como terreno fértil para abertura de novos mercados. Mas a dificuldade de escoar a produção das commodities agrícolas de Mato Grosso até os portos, distantes dos locais de produção é tido como um dos principais gargalos do estado.
O diretor de Posicionamento Estratégico da Unops, o britânico Steve Crookey, fez uma observação sobre a falta de projetos a médio e longo prazos. Para ele, tudo o que é de imediato é mais difícil de solucionar as demandas de um país como o Brasil, pois sua geografia extensa e diversidades regionais não garantem essa possibilidade. No entanto, Crookey disse que os governos precisam pensar em ações para serem concretizadas em médio e longo prazos, trazendo assim bem-estar social ao povo brasileiro e mato-grossense, que é a meta de qualquer organização humanitária.
O representante regional especialista em infraestrutura da Unops, Oscar Marenco Ruiz, disse que Mato Grosso é tido como o estado de oportunidades, mas que enfrenta diversos problemas de infraestrutura. “É impressionante o potencial agrícola e pecuário de Mato Grosso, o que falta agora são investimentos em logística. Vejo que esse é o maior gargalo do setor atualmente e que precisa ser olhado como prioridade pelas autoridades governamentais”, disse Ruiz.
Falando como produtor rural, José Fidelis confirmou que no setor agropecuário o principal problema é da porteira para fora, ou seja, na infraestrutura. “A falta de investimentos em logística impede que o que é produzido dentro da porteira saia e chegue na mesa do consumidor com a mesma qualidade e excelência na qual foi produzida, seja no mercado interno como externo”, citou.
Fidelis acredita que o estado tem condições de produzir muito mais do que vem produzindo, se tivesse uma logística eficiente, incluindo rodovias federais pavimentadas, ferrovias, hidrovias e portos. “Com rodovias pavimentadas e ferrovias, além de agilizar o transporte, teríamos mais rentabilidade”, afirmou o produtor e diretor da Famato.
Os representantes da Unops indagaram se a economia gerada pela produção exclusivamente agropecuária traria ganho social para a população desses locais. Neste caso, José Luiz Fidelis e Daniel Latorraca foram incisivos em afirmar que a diferenciação na qualidade de vida ou melhora no bem-estar das pessoas as quais os visitantes se referiam é acima da média de qualquer outra localidade do estado e muito superior a maioria do país, pois a geração econômica não está voltada somente ao ganho do produtor rural. O Agro promove um ganho em cadeia, que vai do colaborador da propriedade até aos moradores das cidades que perfazem esse polo produtivo, seja na venda de todo tipo de material de consumo ou em qualquer prestação de serviços.
Além de Oscar Ruiz e Steven Crosskey faziam parte da comitiva Rodrigo Weber, Daniela da Silva, Atia Salchudin e Rodrigo Menezes.